Pular para o conteúdo principal

verticalidades e horizontalidades

Mais um pouco de Milton Santos
.

.
“(...) Encontramos no território, hoje novos recortes, além da velha categoria região; e isso é um resultado da nova construção do espaço e do novo funcionamento do território, através daquilo que estou chamando de horizontalidades e verticalidades. As horizontalidades serão os domínios da contigüidade, daqueles lugares vizinhos reunidos por uma continuidade territorial, enquanto verticalidades seriam formadas por pontos distantes uns dos outros, ligados por todas as formas e processos sociais.” (pp. 256)

“A tendência atual é que os lugares se unam verticalmente e tudo é feito para isso, em toda parte. Créditos internacionais são postos a disposição dos países mais pobres para permitir que as redes se estabeleçam ao serviço do grande capital. Mas os lugares também se podem unir horizontalmente, reconstruindo aquela base de vida comum susceptível de criar normas locais, normas regionais.” (pp. 260)

Para Santos, a construção de novas horizontalidades permitirá “a partir da base da sociedade territorial, encontrar um caminho que nos libere da maldição da globalização perversa que estamos vivendo e nos aproxime da possibilidade de construir uma outra globalização, capaz de restaurar o homem na sua dignidade.” (pp.260)
.

.
SANTOS, Milton. O retorno do território. In Territorio y movimentos sociales. OSAL Ano VI Nº 16 ENERO- ABRIL 2005. Disponível em www.bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/osal/osal16/D16Santos.pdf

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

individualidade e singularidade

Mais um pouco de Negri . " Individualidade significa algo que está inserido em uma realidade substancial, algo que tem uma alma, uma consistência, por assim dizer, por separação em relação à totalidade, em relação ao conjunto. É algo que tem uma potência centrípeta. O conceito de indivíduo é de fato um conceito que é colocado a partir da transcendência. A relação não é entre eu, você e ele. É a relação do indivíduo com uma realidade transcendente, absoluta, que dá a essa pessoa uma indiviualidade, uma consistência de uma entidade irredutível. A multidão não é assim. Nós vivemos uns com os outros. A multidão é o reconhecimento do outro. A singularidade é o homem que vive na relação com o outro, que se define na relação com o outro . Sem o outro não existe o si mesmo." [Antonio Negri, palestra sobre Império, Multidão e a Constituição do Comum. http://revistaglobal.wordpress.com/2006/12/10/antonio-negri-a-constituicao-do-comum/ ]

Sobre os praticantes ordinários da cidade [CERTEAU]

"Mas 'embaixo' (down), a partir dos limiares onde cessa a visibilidade, vivem os praticantes ordinários da cidade . Forma elementar dessa experiência, eles são caminhantes, pedestres, Wandersmänner, cujo corpo obedece os cheios e vazios de um 'texto' urbano que escrevem sem poder lê-lo. Esses praticantes jogam com espaços que não se vêem; têm dele um conhecimento tão cego como no corpo-a-corpo amoroso. Os caminhos que se respondem nesse entrelaçamento, poesias ignoradas de que cada corpo é um elemento assinado por muitos outros, escapam à legibilidade . Tudo se passa como se uma espécie de cegueira caracterizasse as práticas organizadoras da cidade habitada. As redes dessas escrituras avançando e entrecruzando-se compõem uma história múltipla, sem autor nem espectador, formada em fragmentos de trajetórias e em alterações de espaços: com relação às representações, ela permanece cotidianamente, indefinidamente, outra. Escapando às totalizações imaginárias do olhar, e

Para começar... Milton Santos

Começar com Milton Santos por que o título do blog é dele: "transindividualidade" Gostei muito dessa discussão sobre o cotidiano , a corporeidade , e a transindividualidade , e vou deixar um trecho do artigo aqui, mas pode ser acessado por aqui . . . . . . "O cotidiano - Gostaria de sugerir, para começar esta discussão do cotidiano que, por gentileza, os senhores admitissem comigo que há possibilidade de trabalhar três dimensões do homem: a dimensão da corporeidade, a dimensão da individualidade e a dimensão da socialidade. A corporeidade ou corporalidade trata da realidade do corpo do homem; realidade que avulta e se impõe, mais do que antes, com a globalização. A outra dimensão é a dimensão da individualidade. Enquanto a corporalidade ou corporeidade é uma dimensão objetiva que dá conta da forma com que eu me apresento e me vejo, que dá conta também das minhas virtualidades de educação, de riqueza, da minha capacidade de mobilidade, da minha localidade, da minha luga