Pular para o conteúdo principal

Para começar... Milton Santos

Começar com Milton Santos por que o título do blog é dele: "transindividualidade"

Gostei muito dessa discussão sobre o cotidiano, a corporeidade, e a transindividualidade, e vou deixar um trecho do artigo aqui, mas pode ser acessado por aqui.
.
.
.
.
.

"O cotidiano - Gostaria de sugerir, para começar esta discussão do cotidiano que, por gentileza, os senhores admitissem comigo que há possibilidade de trabalhar três dimensões do homem: a dimensão da corporeidade, a dimensão da individualidade e a dimensão da socialidade. A corporeidade ou corporalidade trata da realidade do corpo do homem; realidade que avulta e se impõe, mais do que antes, com a globalização.

A outra dimensão é a dimensão da individualidade. Enquanto a corporalidade ou corporeidade é uma dimensão objetiva que dá conta da forma com que eu me apresento e me vejo, que dá conta também das minhas virtualidades de educação, de riqueza, da minha capacidade de mobilidade, da minha localidade, da minha lugaridade, há dimensões que não são objetivas, mas subjetivas; aquelas que têm a ver com a individualidade e que conduzem a considerar os graus diversos de consciência dos homens: consciência do mundo, consciência do lugar, consciência de si, consciência do outro, consciência de nós. Todas estas formas de consciência têm que ver com a individualidade e lhe constituem gamas diferentes, tendo também que ver com a transindividualidade, isto é, com as relações entre indivíduos; relações que são uma parte das condições de produção da socialidade, isto é, do fenômeno de estar junto. Esse fenômeno de estar junto inclui o espaço e é incluído pelo espaço. "
[SANTOS, Milton. Por uma geografia cidadã: por uma epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de geografia, n.21, p. 7-14, 1996.]

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

individualidade e singularidade

Mais um pouco de Negri . " Individualidade significa algo que está inserido em uma realidade substancial, algo que tem uma alma, uma consistência, por assim dizer, por separação em relação à totalidade, em relação ao conjunto. É algo que tem uma potência centrípeta. O conceito de indivíduo é de fato um conceito que é colocado a partir da transcendência. A relação não é entre eu, você e ele. É a relação do indivíduo com uma realidade transcendente, absoluta, que dá a essa pessoa uma indiviualidade, uma consistência de uma entidade irredutível. A multidão não é assim. Nós vivemos uns com os outros. A multidão é o reconhecimento do outro. A singularidade é o homem que vive na relação com o outro, que se define na relação com o outro . Sem o outro não existe o si mesmo." [Antonio Negri, palestra sobre Império, Multidão e a Constituição do Comum. http://revistaglobal.wordpress.com/2006/12/10/antonio-negri-a-constituicao-do-comum/ ]

Sobre os praticantes ordinários da cidade [CERTEAU]

"Mas 'embaixo' (down), a partir dos limiares onde cessa a visibilidade, vivem os praticantes ordinários da cidade . Forma elementar dessa experiência, eles são caminhantes, pedestres, Wandersmänner, cujo corpo obedece os cheios e vazios de um 'texto' urbano que escrevem sem poder lê-lo. Esses praticantes jogam com espaços que não se vêem; têm dele um conhecimento tão cego como no corpo-a-corpo amoroso. Os caminhos que se respondem nesse entrelaçamento, poesias ignoradas de que cada corpo é um elemento assinado por muitos outros, escapam à legibilidade . Tudo se passa como se uma espécie de cegueira caracterizasse as práticas organizadoras da cidade habitada. As redes dessas escrituras avançando e entrecruzando-se compõem uma história múltipla, sem autor nem espectador, formada em fragmentos de trajetórias e em alterações de espaços: com relação às representações, ela permanece cotidianamente, indefinidamente, outra. Escapando às totalizações imaginárias do olhar, e